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As castas da região

As castas da região As castas da região

Para além das condições edafo-climáticas especiais, dos métodos de produção praticados e do grande engenho e sabedoria vitivinícola da sua população, as características particulares dos vinhos do Dão estão profundamente relacionadas com o uso das castas mais apropriadas, dentro das recomendadas para a região.

As castas destinadas à produção dos vinhos DOC Dão são as seguintes:

Castas Tintas

Alfrocheiro / Tinta Bastarda

Cultivada quase exclusivamente no Dão, trata-se de uma casta misteriosa, pois só é referenciada após a crise da filoxera (finais do séc. XIX). Não se conhece com exactidão, a sua origem, ainda que se especule que possa ser estrangeira. Caracteriza-se por um cacho reduzido, por vezes compacto, que possui bagos pequenos e uniformes e uma epiderme de cor heterogénea, predominantemente de tom negro-azul. A polpa, não corada, é mole e suculenta, com um gosto característico. Esta casta apresenta uma produção regular e maturação média, contribuindo para o excelente equilíbrio entre ácidos, açúcar e taninos e boa cor dos vinhos, ao mesmo tempo que lhes confere aromas frutados e finos, que lembram morangos bem maduros, que ganham complexidade com o passar dos anos.

Alfrocheiro / Tinta Bastarda
Alvarelhão / Brancelho

Foi uma casta acarinhada no passado, que reinou em largas áreas da região e está presentemente voltada ao esquecimento. Foi, durante muitos anos, a base fundamental para o fabrico dos vinhos rosados aos quais conferia delicadeza e perfume. Confere aos vinhos pouca cor, aromas florais, mediana graduação alcoólica e elevada acidez. Apresenta muito pouco potencial para envelhecimento pelo que entra com outras castas nos vinhos aos quais confere macieza, perfume e equilíbrio ácido.

Alvarelhão / Brancelho
Aragonez / Tinta-Roriz / Tempranillo

Casta bastante produtiva e com maturação média. O seu cacho é grande e aberto e contém bagos de tamanho heterogéneo, com forma ligeiramente achatada e epiderme medianamente grossa, de cor negro-azul com forte pruína. Por sua vez, a polpa, não corada, é suculenta, mole e de sabor muito próprio. Nos vinhos em que exista em boa percentagem, intensifica os aromas de fruta madura, dá muita cor e boas graduações alcoólicas. É notório o excelente equilíbrio marcado pela qualidade dos seus taninos, assim como o equilíbrio de corpo e acidez, daí resultando vinhos harmoniosos e muito elegantes, com elevado potencial de envelhecimento.

Aragonez / Tinta-Roriz / Tempranillo
Bastardo / Graciosa

É talvez a casta cultivada no Dão mais espalhada pelo mundo. Os bagos são de tamanho médio, de película espessa. As grainhas são em pequeno número, grandes e herbáceas. A sua principal característica é a precocidade. Por tal motivo atinge teores de açúcares elevadíssimos e consequentemente um alto teor alcoólico e a mais baixa acidez das castas do Dão. Proporciona vinhos elegantes, perfumados e macios, fazendo lembrar um pouco os da casta Jaen, apesar de bastante mais abertos de cor.

Bastardo / Graciosa
Jaen / Mencia

Na região do Dão o Jaen é cultivado, pelo menos desde os meados do século passado, sendo citado, nos inquéritos vitícolas de 1865, como das castas dominantes no concelho de Mangualde. É lícito pensar que tenha sido trazida por peregrinos regressados à pátria através dos caminhos de Santiago. Depois da praga da filoxera difundiu-se por toda a região do Dão, graças à sua boa produtividade e prematuridade, que permitiam a produção de vinhos de boa graduação, e boa cor. O cacho nesta casta é de tamanho grande e compacto, com bagos médios, uniformes e arredondados, com epiderme pouco espessa negra-azul e com média pruína. A polpa é mole e suculenta, não sendo corada. Os vinhos a que dá origem são elegantes, com teor alcoólico regular, intensos de cor e muito macios, dada a sua fraca acidez. Mas é o seu perfume intenso e delicado, lembrando um pouco a framboesa, que torna esta casta preciosa.

Jaen / Mencia
Rufete / Tinta-Pinheira

É uma casta muito disseminada no Dão devido à sua boa fertilidade, com uma produção alta, mas irregular. Exibe um cacho médio e compacto, com bagos de tamanho médio, não uniformes, ligeiramente achatados, e com uma epiderme espessa de cor negra-azul e com forte pruína. A sua a polpa, não corada, é mole e suculenta. Apresenta uma maturação média. Confere aos vinhos um teor alcoólico e acidez médios. Dá vinhos de cor rubi abertos, aromas florais, sabor herbáceo e estrutura ligeira. Apresenta muito fraco potencial de envelhecimento, pelo que entra geralmente com outras castas conferindo algum perfume e acidez. É utilizada na produção de vinhos rosados e espumantes.

Rufete / Tinta-Pinheira
Tinto-Cão

É uma casta muito antiga no Dão conhecida desde o séc. XVII, no entanto sempre foi pouco cultivada dada a sua baixa produtividade. O cacho é de tamanho médio. O bago é médio e tem a película espessa. A sua maturação é tardia. Em condições edafo-climáticas adequadas produz vinhos de cor tinto a retinto, tonalidade violácea, alcoólicos, cheios de “corpo”, taninosos, de aromas penetrantes com um misto de flores silvestres e frutos vermelhos, onde sobressaem as notas de groselhas e framboesas, bastante ácidos nos primeiros meses, mas que, com o tempo, se tornam harmoniosos e robustos. Apresentam muito bom potencial para envelhecimento devido aos seus taninos, ao mesmo tempo poderosos e redondos, em perfeito equilíbrio com os ácidos e com os aromas.

Tinto-Cão
Touriga Nacional

A fama dos vinhos do Dão é devida, em boa parte, a esta casta, que, no passado, antes da crise filoxérica, era dominante nos vinhedos da região. Constitui, assim, a casta mais nobre entre as tintas. Com um cacho pequeno e alongado, ostenta bagos diminutos, arredondados e não uniformes, e uma epiderme negra-azul revestida de forte pruína. A sua polpa é rija, não corada, suculenta e de sabor peculiar. Trata-se de uma casta de maturação média e de produção médio a elevado, quando se utilizam materiais seleccionados e condições adequadas, caso contrário ela é baixa. Dá vinhos de cor retinta intensa, com tonalidades violáceas, quando novos. Os aromas são intensos, de elevada complexidade, a frutos pretos muito maduros, com algo de selvagem, silvestres (amoras, rosmaninho, alfazema, caruma, esteva). Na boca apresenta-se cheio, encorpado, persistente, robusto, taninoso, muito frutado, quando jovem. Possui elevado potencial para envelhecimento prolongado adquirindo nessa altura, uma elegância, um aroma e sabor aveludados inconfundíveis.

Touriga Nacional
Trincadeira / Tinta Amarela / Trincadeira-Preta

É uma das mais cosmopolitas castas portuguesas, cultivando-se desde Trás-Os-Montes e Alto Douro até ao Algarve. O cacho é de tamanho médio a grande. Os bagos são médios, de película espessa. A maturação é média. Quando vindimado no seu ótimo estado de maturação, produz vinhos com uma cor tinto intenso, aroma a frutos pretos muito maduros, sabor harmonioso e macio.

Trincadeira / Tinta Amarela / Trincadeira-Preta
Alicante-Bouchet
Baga
Camarate
Castelão
Cornifesto
Monvedro
Moreto
Mourisco
Pilongo
Tinta-Carvalha
Touriga-Fêmea

Castas Brancas

Barcelo

O facto de ser uma das castas inexistente nas restantes regiões vitícolas do país confere-lhe um motivo de interesse. O cacho é médio, com média compacidade. O bago é médio, com película de espessura média. Apresenta uma maturação média. De cor citrina, os seus vinhos são frutados, frescos, perfumados e no sabor mostram um grande equilíbrio na sua relação álcool/ácidos. Entra geralmente misturado com outras castas, conferindo delicadeza e equilíbrio aos vinhos.

Bical / Borrado das Moscas

É uma casta muito divulgada no centro de Portugal e conhecida pela sua grande precocidade. O seu cacho é de tamanho médio e frouxo e possui bagos relativamente pequenos, heterogéneos e com epiderme verde amarelada e média pruína. A sua polpa, não corada, é rija, suculenta e com sabor característico, enquanto a sua maturação é de tipo precoce e a sua produção regular. Se as uvas forem vindimadas na altura certa, obtêm-se vinhos de cor citrina, aromas complexos com boa fruta, finos, relativamente secos e elegantes, com boa graduação alcoólica e baixa acidez.

Bical / Borrado das Moscas
Cerceal-Branco

Esta casta apresenta, no Dão, características enológicas diferentes da de outras regiões vitícolas de Portugal. Trata-se da casta mais produtiva da região mas é considerada tardia. O cacho é médio e medianamente compacto e os bagos tem tamanho médio, são uniformes, arredondados, com epiderme verde amarelada e com média pruína. A polpa é mole e suculenta. Apresenta uma produção regular, possui teores medianos de açúcares e acidez elevada. Esta casta dá origem a vinhos de cor citrina, aroma intenso e delicado a fruta, apresentando muita vivacidade no sabor, fruto de um desequilíbrio ácido que é característico desta casta. Entra geralmente misturada com outras castas conferindo-lhes acidez e aromas característicos.

Cerceal-Branco
Encruzado

Esta casta é cultivada, praticamente, na região do Dão, onde tem a primazia entre as castas brancas. O seu cacho é pequeno e medianamente compacto, os bagos são médios, heterogéneos e ligeiramente achatados e a sua epiderme é verde amarelada, com média pruína. A polpa, por seu turno, detém um sabor muito próprio, é mole e suculenta. Esta casta exibe uma maturação média e a sua produção é regular. Os vinhos são de cor citrina, com bom teor alcoólico e com uma grande delicadeza, elegância e complexidade aromática, com notas vegetais, florais e minerais. São finos e elegantes no sabor, denotando um notável equilíbrio álcool/ácidos. Possui elevado potencial para o envelhecimento surpreendendo pela sua frescura e persistência na boca, donde sobressaem aromas e sabores de avelã, pinhão e resina de pinheiro. É a casta mais equilibrada no Dão.

Encruzado
Malvasia-Fina

É uma casta muito cosmopolita, difundida por quase todas as regiões vitícolas de Portugal. Encontra no Dão condições edafo-climáticas que lhe permitem expressar todas as suas potencialidades, sendo por isso a mais cultivada na região. O seu cacho é médio e frouxo e os bagos são pequenos, heterogéneos e com epiderme verde amarelada com média pruína. A maturação é precoce. Possibilita a obtenção de vinhos de cor citrina, com aromas intensos, apesar de simples, dominados pelas tonalidades florais, com acidez equilibrada e um final elegante, ainda que de média persistência. Possui um bom potencial para envelhecimento, com os seus vinhos a apresentar um “bouquet” extraordinário, passando a sua cor a amarelo palha, sendo de realçar a complexidade dos seus aromas associados a uma finura, equilíbrio e elegância. Misturado com outras castas do Dão imprime-lhe a “tipicidade” e a personalidade própria dos vinhos brancos da região.

Malvasia-Fina
Terrantez

Embora sendo uma casta recomendada, tem pouca expressão na região e poucas qualidades enológicas. O cacho é pequeno e pouco compacto. O bago é pequeno a médio, de película medianamente espessa. A maturação é média a tardia. Produz vinhos de cor citrina, frutados, frescos, vivos e com riqueza ácida. Por ser das castas que apresenta, normalmente, das mais baixas graduações alcoólicas, origina, geralmente, vinhos com um certo desequilíbrio ácido. É utilizada quase sempre misturada com outras castas, como fator de correção da acidez, do respetivo conjunto.

Uva-Cão

Esta casta no Dão é das mais serôdias e menos produtivas da região. O cacho é pequeno a médio e compacto. O bago é pequeno e de película espessa. Produz vinhos de cor citrina, frutados, frescos e com riqueza ácida. A boa graduação alcoólica, associada à acidez que apresenta, permite uma muito boa evolução em garrafa, dando nessa altura origem a vinhos com um certo corpo, cor amarelo palha e uma frescura admirável, com muita finura e elegância. Entra geralmente misturado com outras castas conferindo-lhes a acidez, delicadeza e equilíbrio.

Rabo-de-Ovelha

É uma casta bastante produtiva o que permite melhorar o rendimento dos vitivinicultores, sem por em causa a qualidade dos vinhos. O cacho é grande e compacto. O bago é médio, com película espessa. A sua maturação é média a tardia. Origina vinhos de cor citrina, ligeiramente frutados, equilibrados e neutros.

Alicante-Branco
Arinto / Perdernã
Arinto-do-Interior
Branda
Douradinha
Fernão Pires / Maria Gomes
Gouveio
Luzidio
Malvasia-Rei
Moscatel-Galego-Branco / Muscat-à-Petits-Grains
Semillon
Síria / Roupeiro / Códega
Tamarez / Molinha
Verdial-Branco