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A Região

Carta Vitícola da Região do Dão Carta Vitícola da Região do Dão
Região Demarcada do Dão

Não é possível determinar com exatidão quando começou a prática da vitivinicultura no Dão. Sabe-se que é anterior à nacionalidade portuguesa, sendo claramente um reflexo das diferentes culturas que foram ocupando diversas zonas da Península Ibérica.

Em 18 de Setembro de 1908, uma Carta de Lei estabelece formalmente a Região Demarcada do Dão. O regulamento para a produção e comercialização dos vinhos aí produzidos surge dois anos volvidos, em 25 de Maio de 1910, com o Decreto regulamentador. Com esta decisão, o Dão tornou-se a primeira região de vinhos não licorosos a ser demarcada e regulamentada no nosso país.

Distinção da Região Demarcada do Dão

Distinção da Região Demarcada do Dão Distinção da Região Demarcada do Dão
Fatores de distinção:
  • Prestígio: os vinhos do Dão eram comercializados a preços mais elevados que a média nacional, beneficiando dos elogios dos técnicos agrícolas da época, como António Augusto Aguiar ou Cincinato da Costa. Além disso, os vinhos do Dão, em finais do século XIX, conseguiram obter distinções nas grandes exposições nacionais e internacionais da altura, em Lisboa, Londres, Berlim e Paris.
  • Grandes Produtores: a região do Dão beneficiava da presença de grandes produtores de vinho, sendo que algumas propriedades eram vistas como pioneiras e mesmo modelo a nível nacional. Destacavam-se os nomes Casa da Ínsua, Conde de Villar Seco, Conde de Santar ou José Caetano dos Reis.
  • Influência Política: entre 18 de Setembro de 1908 (data da primeira delimitação da região) e 25 de Maio de 1910 (data da regulamentação) foi exercida uma intensa pressão social e política pelas forças sociais e políticas da região, nos jornais locais e nacionais, no Parlamento, em reuniões sectoriais.

A evolução

O Dão ficou desde sempre afamado pela produção de vinhos de mesa com um perfil muito particular: vinhos nobres, elegantes, boas escolhas para acompanhar variadas criações gastronómicas, com elevado potencial de guarda e até com algumas semelhanças com a prestigiada região francesa da Borgonha. Já no século XIX era significativa a exportação de vinhos do Dão para França e Brasil. Todas estas características foram sendo reconhecidas e apreciadas pelos consumidores, com o Dão a assumir-se como região privilegiada no país para a produção de vinho.

Todavia, a partir das décadas de ’60 e ’70 do século XX, a produção dos vinhos do Dão foi-se deteriorando, uma vez que se começou a apostar mais no volume de produção e menos na qualidade. As adegas cooperativas dominavam o mercado e o Dão ressentiu-se de toda a orientação seguida nessa época.

Depois de uma certa “travessia do deserto”, o Dão foi retomando o caminho mais correcto, sobretudo a partir de meados da década de 90, momento em que se começou a verificar uma melhoria muito significativa da generalidade dos vinhos da região, o que tem permitido um renascimento fantástico, muito devido ao investimento de pequenos vitivinicultores na região donde surgiram os vinhos de Quinta. Exemplo disso são a Quinta da Pellada/Saes, Quinta dos Roques, Quinta dos Carvalhais, entre outros.

Às novas práticas vitícolas e às novas tecnologias de vinificação aliou-se um espírito empreendedor de querer fazer melhor, com resultados que têm provado que as novas opções têm sido as mais correctas. Algumas das mais importantes empresas de vinho portuguesas estão representadas no Dão, somando-se inúmeros produtores privados que têm conseguido vinhos de quinta de qualidade já reconhecida.

Georeferenciação

Figura extraída de: A base de dados da CVR do Dão, relativos à atribuição da Denominação de Origem no período de 1998 a 2004, como ferramenta de conhecimento da Região e do Setor. Universidade Técnica de Lisboa. Lisboa 2008. Autor: Carlos da Costa Silva